terça-feira, 19 de fevereiro de 2013
Na pele do herói Bilbo Bolseiro, Martin Freeman garante bom início à trilogia "O Hobbit"
Bilbo Bolseiro (Martin Freeman) em cena de "O Hobbit: Uma Jornada Inesperada"
Protagonista da nova trilogia inspirada em "O Hobbit", obra de 1937 do britânico J.R.R. Tolkien, Bilbo Bolseiro (Martin Freeman) custa para ser convencido a deixar o conforto de sua bem-abastecida casinha na Terra Média para acompanhar a aventura de 13 anões para reconquistar seu reino.
Da mesma maneira que o herói, o primeiro filme da trilogia "O Hobbit - Uma Jornada Inesperada" custa um tanto a decolar. Gasta-se muito tempo na sequência em que os anões, chefiados por Thorin Escudo de Carvalho (Richard Ermitage), começam a lotar a pequena casa de Bilbo sem aviso prévio, dilapidando todas as suas provisões.
Foi um pequeno truque do mago Gandalf, (Ian McKellen) que atraiu os anões àquele endereço com um sinal marcado na porta e sem o conhecimento de Bilbo. Como mago que tudo sabe, Gandalf não ignora a lugar de Bilbo nessa trupe, ainda que não seja um anão, nem tenha nada de pessoal envolvido na missão.
Como sempre nas histórias de Tolkien, há uma certa predestinação. Bilbo tem um papel bem específico na reconquista do reino de Eredor e também na captura de um certo anel, que todos os leitores da saga "O Senhor dos Anéis" já sabem de cor.
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Em "O Hobbit: Uma Jornada Inesperada" (2012), Ian McKellen volta a viver o mago Gandalf, papel que desempenhou na trilogia "O Senhor dos Anéis" Reprodução
Assim como no caso da trilogia anterior, "O Hobbit" e suas duas sequências -- com lançamentos previstos para 2013 e 2014 -- também já contam com um público cativo, todos admiradores de Tolkien e do reino de fantasia bélica criado pelo escritor, povoado por orcs, trolls e outros seres malignos, criados para colocar à prova os heróis do caminho.
Para que a aventura se concretize basta mandar a nova trupe para a estrada. Com integrantes com um perfil inusitado para valentes por conta da pequena estatura, o grupo compensa pela esperteza e ousadia.
A responsabilidade maior recai sobre o hobbit Bilbo, que não tem experiência anterior em lutas de espada ou jornadas épicas. Ser caseiro e apegado à sua rotina, ele assistiria televisão o dia todo se na Terra Média já existisse TV.
A sabedoria do herói pode ser resumida em frases do tipo: "Aventuras são desagradáveis e desconfortáveis e fazem com que você se atrase para o jantar" -- tipo da filosofia que cairia como uma luva num Homer Simpson.
Juntando-se aos anões, Bilbo abandona seu conforto para percorrer trajetos entre florestas úmidas, inóspitas, habitadas por animais perigosos e seres mágicos. Sem comida ou abrigo convenientes, Bilbo será o mais exigido para se transformar durante a aventura.
A boa surpresa é que Martin Freeman mostrou-se o ator adequado a esta travessia, defendendo o papel com sutil carisma e humor. Ao longo do caminho tumultuado, Bilbo descobre sua coragem e torna-se mais valioso para a trupe dos valentes anões.
O melhor momento deste primeiro capítulo, ironicamente, é uma sequência bem parada -- o encontro entre Bilbo e Gollum (a criatura digital criada a partir dos movimentos do ator Andy Serkis). Uma tensão legítima quando a vida de Bilbo passa a depender de uma espécie de duelo de charadas. Como a Esfinge da mitologia egípcia, Gollum faz o gênero "decifra-me ou devoro-te".
Os efeitos especiais dão conta do recado nas batalhas contra os orcs -- que se multiplicam como formigas na tela -- e nas quedas de despenhadeiros (como nas lutas dos gigantes de pedra).
Gandalf não gasta muito de sua mágica. Já o mago Radagast (Sylvester MCoy) trabalha bem mais do que ele e do que Saruman (Christopher Lee) -- que só participa de uma breve reunião no reino dos elfos com os líderes Elrond (Hugo Weaving) e Galadriel (Cate Blanchett).
Radagast contribui com alguns momentos de humor, como aquele em que experimenta o cachimbo de Gandalf, sugerindo que o fumo ali pode conter substâncias estranhas.
De todo modo, "O Hobbit - Uma Jornada Inesperada" é só o começo da nova aventura. A reconquista da Montanha Solitária, há muito dominada pelo dragão Smaug, vai ficar para o final. Até lá, haverá muitas lutas, orcs e outros inimigos para manter ocupados Bilbo, os anões, Gandalf e seus aliados.
O grande número de tarefas assegura assunto para os outros dois filmes -- que deve sair de um livro que tem menos de 300 páginas, e não das mais de 1.000 dos três volumes de "O Senhor dos Aneis", que sustentaram a trilogia anterior.
Em tempo, os jornalistas no Brasil não puderam conferir o novo filme numa cópia com o formato de 48 quadros por segundo, anunciado como a grande novidade da superprodução. As primeiras cabines de imprensa foram em cópias convencionais.cinema.uol.com.br
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