segunda-feira, 14 de outubro de 2013

O Vampiro Antes de Drácula

Crepúsculo, True Blood, Vampire Diaries. Antes disso, Entrevista com o Vampiro. Bem antes disso, Drácula. Os vampiros são moda, caem no esquecimento e ressurgem mais fortes e diferentes a cada ida e vinda. De Drácula aos romances vampíricos para adolescentes houve imensas mudanças. Evolução (ou não) do mito vampiresco, suas origens podem acabar se perdendo. Por que então não abandonar um pouco as modinhas e voltar para as suas origens? Martha Argel, doutora em ecologia, e o biólogo Humberto Moura Neto fazem isso na antologia O Vampiro Antes de Drácula, da Editora Aleph. Adoradores dos vampiros, os organizadores se aprofundam na busca da sua origem. E também desfazem um mito: o de que Drácula, de Bram Stoker, foi o primeiro vampiro. A figura do morto-vivo que se alimenta de sangue surgiu bem antes de Drácula, e isso é desvendado por Martha e Humberto, que mostram como o vampiro passou do folclore à literatura, de monstro repugnante a membro influente da nobreza. Como a própria nomenclatura diz, O Vampiro Antes de Drácula reúne contos publicados no século XIX dos autores Edgar Allan Poe, John Polidori, Lord Byron, Alexandre Dumas (pai), Bram Stoker, Alexei Tolstoi, Anne Crawford, Arthur Quiller-Couch, Phill Robinson e Conde de Stenbock. Assim, nos é apresentado as várias faces que esses grandes escritores deram aos vampiros, construindo o mito da forma como o conhecemos hoje. Nas palavras dos organizadores da antologia, o que marcou a entrada do vampiro no gosto popular foi o conto O Vampiro, de John Polidori. Na época creditado a Lord Byron, seu ex-chefe, ele obteve sucesso principalmente depois de ser adaptado para o teatro. Mas nem mesmo Byron se viu satisfeito pela troca. Um conto parecido foi escrito pelo então poeta, mas sem a maestria de Polidori. Esse conto, intitulado Fragmento de um Relato, também faz parte da antologia. Contudo, não tem o mesmo papel extraordinário do texto de Polidori, que mudou os rumos do vampirismo. E não é a toa que O Vampiro caiu nas graças do público. Cheio de mistério, apresenta personagens sedutores, sendo o vampiro Lord Ruthven o grande “galanteador”. E claro, o final trágico, onde o culpado sai ileso, dá um ar até então pouco comum aos olhos dos leitores. A partir daí o vampiro se consolida como personagem influente e arrebatador, e passa a ser explorado por outros autores, sofrendo mudanças. drácula-2 Entretanto, nem todos os contos possuem a figura do vampiro propriamente dita. O Retrato Oval, de Edgar Allan Poe, O Horla, de Guy de Maupassant e A Floração da Estranha Orquídea, de H. G. Wells são exemplos que não chegam nem perto do homem pálido de caninos afiados e grandes. Esses 3 contos tratam apenas de características presentes no vampirismo, sendo essa o “roubo” da energia de suas vítimas, mas com a mesma importância dos outros contos O Convidado de Drácula, de Bram Stoker, foge à regra das publicações que antecedem Drácula. O conto foi publicado depois, mas escrito antes. Ao ser divulgado em uma reunião de obras organizadas pela esposa Florence Stoker, logo após a sua morte, O Convidado de Drácula, faria parte do começo do aclamado romance. Porém, as pesquisas de autores consultados por Martha e Humberto sugerem que o conto foi o primeiro passo para que Stoker desse vida ao seu livro. Logo, o conto não poderia ser deixado de fora. O Vampiro Antes de Drácula não é recomendado apenas para aqueles que são fãs incondicionais de vampiros. Os que tiveram pouca relação com filmes, peças e livros sobre o tema também devem dar uma chance ao livro para conhecer melhor a personagem. Não só como fonte de diversas curiosidades, mas também para ver o quanto o vampiro mudou também pelo decorrer do século XIX. Sem dúvida é clara a importância que esses contos tiveram na literatura. Porque sem eles, a maioria das histórias de vampiro que tanto veneramos hoje poderiam simplesmente não existir. rizzenhas.com

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